A Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) suspendeu nessa quarta-feira (23) o diálogo nacional entre o governo esquerdista e os opositores para terminar com a crise política no país.
A falta de acordo na Nicarágua para avançar na discussão de uma agenda de democratização do país tende a piorar ainda mais a repressão contra os manifestantes.
“Já que hoje não há consenso entre as partes, nós da CEN lamentamos nos ver obrigados a suspender o plenário do diálogo nacional”, informou em um comunicado após oito horas de reunião sem sucesso no seminário Nossa Senhora de Fátima, em Manágua.
O governo se negou a discutir uma agenda que entre outros pontos propõe antecipar a eleição presidencial para esse ano para buscar uma saída para a crise política e social que castiga o país desde meados de abril e que deixou 76 mortos até o momento.
Seguindo o padrão da esquerda da América Latina, o governo da #Nicarágua denuncia tentativa de golpe de Estado após reatamento da mesa de diálogo nacional.https://t.co/2PCD71loV0
— RENOVA (@RenovaMidia) May 24, 2018
De acordo com informações do BOL:
Os religiosos, que atuam como mediadores, propuseram criar uma comissão mista de seis pessoas, três de cada parte, para buscar um consenso que permita retomar as discussões.
“Sentimos a urgência em lembrar que dessa decisão e a possibilidade de continuar esse diálogo depende em grande parte a paz e a vida de muitos nicaraguenses”, disse o cardeal Leopoldo Brenes ao ler o comunicado da CEN.
O chanceler Denis Moncada disse que a agenda proposta para o diálogo, com a antecipação da eleição, “tem o objetivo de desmontar o Estado Constitucional do governo eleito e (…) é uma rota camuflada” para um golpe de Estado contra o presidente Daniel Ortega.
O representante da sociedade civil, o acadêmico Carlos Tunnermann, lamentou que os delegados do governo “não tragam (ao diálogo) a vontade política de recuperar a democracia”, ponto de partida das discussões.