Dez militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica viajaram ao país africano, na semana passada, para uma operação prévia de reconhecimento. A informação foi passada com exclusividade ao Correio pelo general Ajax Porto Pinheiro, adjunto do gabinete do Comando do Exército e último comandante da missão de paz encerrada, no ano passado, no Haiti.
Segundo ele, faltam apenas uma discussão sobre custos operacionais e a autorização do Palácio do Planalto para que o envio da tropa seja formalizado. “A tendência é mesmo no sentido de o Brasil participar dessa missão de paz. Militares do Ministério da Defesa estão na República Centro Africana em operação de reconhecimento do terreno, onde o norte é subsaariano, com deserto; o centro é de savanas e o sul tem florestas e rios caudalosos”, afirmou o general.
“Sou favorável ao envio da tropa, porque o Brasil é um país de peso e não pode se furtar a agir em zonas conflagradas. A participação em uma missão de paz confere significativa projeção internacional ao país, além de favorecer que a tropa seja melhor treinada”, acrescentou.
A Missão Multidimensional Integrada das Nações Unidas para a Estabilização da República Centro Africana (Minusca) conta com cerca de 10 mil militares de diferentes países. As operações começaram no início de 2014, em meio a confrontos deflagrados com a deposição do presidente François Bozizé, agravados por uma disputa de cunho étnico e religioso entre cristãos e muçulmanos.
O convite oficial para a participação brasileira na missão foi feito pela ONU, em 22 de novembro do ano passado. Segundo o general Ajax, os militares brasileiros deverão enfrentar desafios muito maiores que no Haiti. “O grau de periculosidade na República Centro Africana é muito maior se comparado ao Haiti, pois são 10 grupos armados que combatem em um confronto entre muçulmanos e cristãos.
Também disputam poder e o acesso às riquezas minerais, principalmente o diamante, que é muito disputado naquele país”, disse o militar, acrescentando que, atualmente, as missões de paz da ONU de maior de risco estão na República Centro Africana, no Congo, no Sudão do Sul e no Mali. Neste último, as tropas enfrentam inimigos como militantes da rede terrorista Al-Qaeda.
Com informações de: [CorreioBraziliense]