O evento do Vaticano é motivo de preocupação para o governo Bolsonaro. Igreja planeja definir diretrizes para preservação da Amazônia.
O Sínodo da Amazônia, que acontecerá entre os dias 6 e 27 de outubro, no Vaticano, terá um discurso forte contra o extrativismo e em defesa da preservação da floresta tropical.
É o que promete o padre colombiano Dario Bossi, que vive como missionário no Brasil e é membro da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), organização católica que reúne representantes dos oito países da região.
Em entrevista à agência ANSA, o sacerdote declarou:
“O Sínodo, naturalmente, não é um ato de política partidária. Mas, a partir de sua doutrina socioambiental, este Sínodo com certeza dirá palavras fortes sobre a urgência política de fazer crescer a Amazônia em um contexto de emergência climática e contra todos os tipos de extrativismo que a ameaçam.”
Bossi acrescentou que os recentes incêndios na Amazônia são um sinal “evidente” de que o governo do presidente Jair Bolsonaro prefere “financiar e favorecer projetos de grandes empresas e do latifúndio”.
“O projeto do governo é a expansão da monocultura, da soja e da criação de gado”, acrescentou o padre.
De acordo com a Santa Sé, o Sínodo da Amazônia terá como principal objetivo discutir novas formas de evangelização para recuperar o espaço perdido pela Igreja Católica na Amazônia, como a ordenação de indígenas casados como padres, mas também abordará a preservação da floresta.
O Sínodo terá como relator um brasileiro, o arcebispo emérito de São Paulo, cardeal Cláudio Hummes, mas é alvo de oposição dentro da própria Igreja, especialmente de conservadores, que alegam que o papa Francisco tem planos para interferir na soberania das nações.