A decisão de Jair Bolsonaro após pressão dos produtores de leite insatisfeitos com a revogação da taxa antidumping, cobrada sobre a importação de leite em pó, gerou críticas e dúvidas nas redes sociais.
Um tuíte em particular, publicado no perfil oficial do presidente Jair Bolsonaro na tarde de terça-feira (12), levantou dúvidas sobre a forma a ser usada pelo governo para retomar a proteção do setor no Brasil.
Bolsonaro disse que o “nível de competitividade do produto” foi mantido e que “todos ganharam, em especial, os consumidores do Brasil”.
Uma análise nos comentários da publicação deixa claro que a base de apoio do Presidente não conseguiu entender se a tarifa sobre o leite importado vai continuar.
“Presidente, a mensagem não ficou clara”, disse Jefferson Azevedo. “E a tarifa, tirou ou não?”, indagou o jornalista Fernando Melo. “Presidente, não ficou claro. […] A taxação será mantida ou não?”, questionou o site Conexão Política.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 12, 2019
O que vai mudar com a decisão sobre o leite?
A taxa era cobrada desde 2001 e se somava à alíquota de importação de 28% sobre o produto.
No caso do leite em pó da Nova Zelândia, o adicional era de 3,9%; para a União Europeia, a taxa alcançava 14,8%.
A recriação da taxa exigiria nova comprovação de que os exportadores subsidiam seus produtos, um processo longo e incerto.
Por isso, o Ministério da Agricultura propôs o aumento da alíquota do imposto de importação, dos atuais 28% para 42%, de modo a compensar o fim da taxa, explicou O Antagonista.
Ao que udo indica, de acordo com o tuíte de Bolsonaro, a sugestão da ministra Tereza Cristina foi aceita.

Liberais reagem negativamente à medida
A avaliação do presidente de que mais proteção favorece os consumidores brasileiros foi criticada por perfis de viés liberal nas redes sociais.
“O lobby dos produtores de leite venceu e a taxa sobre o leite em pó importado continuará”, afirmou o Instituto Liberal de São Paulo (ILISP).
“A sobretaxa é protecionismo barato”, afirmou Sandro Sanfelice.
O episódio ilustra novamente o conflito no governo Bolsonaro entre o núcleo liberal encabeçado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que defende uma ampla abertura comercial, e setores agrícolas e industriais que se beneficiam de proteções tarifárias e não-tarifárias, destaca a Exame.